terça-feira, 22 de abril de 2025

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS. #254

QUE SAUDADE
Baladeira no pescoço, os pés no chão e muito tempo para ouvir os passarinhos. Fui menino Livre! 
Enquanto as páginas de todos os jornais e revistas publicavam o suicídio de Getúlio Vargas, eu corria atrás das borboletas.
O mundo era mundo. Hoje, o mundo parece mais uma sala de cirurgia... ou um grande convento, de filosofias pressas aos papéis.
Antigamente, se entrava no barreiro enfiando os pés na lama... bebia-se a água.
Não existia medo... todos os meninos corriam no clarão da lua... que bicho ligeiro era o bacurau e a mãe da noite.
A novela era um privilégio para os nobres... na luz do candeeiro, desenhava palácios... e os besouros eram imperadores e reis.
Na sexta-feira, rosário de coco e bolinho de goma. As bolinhas de gude e os adesivos do meu Santa Cruz ficavam para outro dia.
Já em casa, no sítio Gavião... tomar banho no rio da Chata, comer peixe assado na brasa... e na escola, contar que tinha um tubarão-martelo preso no anzol.
De manhã, antes do sol brilhar nas telhas, correr para o curral, e ouvir minha mãe querida dizer: "Isso é hora menino?"
E tudo isso está vivo em mim.
Se é que vocês me entendem!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog