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terça-feira, 29 de abril de 2025

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS. #257

O TEMPO PASSOU
Que água tão boa, e a água era do barreiro.
Uma vez, minha mãe me disse: "Meu filho, a vida só é boa, porque tudo passa, tudo se acaba." E só agora eu entendi.
Quando sinto saudades dos meus avós, vou à casa velha onde eles moraram. Ali, só os rouxinóis e os morcegos sabem a dor da solidão. O café feito no fogão de lenha, nas noites de lua com o céu estrelado. Quanta falta faz a comida simples de minha mãe.
Na sexta-feira, no banco de quebra-queixo, doces e uma boa caneca d'água.
Uma vez fomos para o rio da chata, pegamos um molho de peixe... Que almoço inesquecível, que tarde linda.
Na escola Manoel Justino (Sítio Gavião), não tinha merenda... nós íamos para os pés de imbu.
Certa vez, fui para Cachoeirinha e lá tomamos caldo de cana com pão doce, que vendedor simpático.
A escola Manoel Moreira da Costa, às vezes, dava-me medo, mas quem não queria estar naquele recinto escolar?
Meu pai falava-me de tudo, menos do bicho-papão e do Saci Pererê. Naquele tempo, a vida era tão boa que não tínhamos bicho nenhum. Quando tive meu primeiro par de sapatos da marca Conga, eu já tinha quase 12 anos... aquilo foi um sonho, e o que Mariazinha ia achar dos meus pés calçados?
Chiclete, algodão-doce e pirulitos... meu Deus! Só em sonhos.
A minha casa era pintada na cor rosa, e meus pais viviam orgulhosos daquela tão linda cor. As cortinas da sala eram marrons, e o rádio da marca "ABC-Voz de Ouro" ficava sempre ligado na rádio Difusora de Caruaru no programa "Correio Nordestino" com Ivan Bulhões.
E o tempo passou... mas, não para mim... e Deus sabe!
Se é que vocês me entendem!!!

sexta-feira, 25 de abril de 2025

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS. #256

NA FEIRA.
Na feira livre um amigo me abraçava. Outro amigo dava-me a mão. As conversas eram longas.
Pastel com caldo de cana, bolinhos do goma, comer quebra-queixo na barraquinha e tomar água fresquinha no pote que ficava em cima do banco.
A mulher das verduras fazia promoção de alhos e cebolas.
O mendigo tinha no rosto um olhar de esperança.
As crianças faziam festa com o algodão-doce.
Em cada banco da feira livre, havia pessoas dando risadas... compadres e comadres falando do roçado, da chuva, dos afilhados.
Feira livre de Ibirajuba: lugar de encontros...
Onde os poetas e os trabalhadores contavam a nossa história em forma de saudade. 
Se é que vocês me entendem!!!

quinta-feira, 24 de abril de 2025

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS. #255

GRANDE NOTÍCIA
Essa grande notícia não vem da Prefeitura, nem do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, nem da igreja matriz. Não!
Essa Formidável notícia vem do campo e do mato. E a grande notícia é essa: Meu primo Garibaldi e eu, hoje, formo a uma pescaria no rio da Chata. No meio do caminho, nos galhos de uma baraúna, lá estava o ninho de um João-de-Barro. Essa ave, por aqui, é muito escassa e seu ninho é uma verdadeira obra de arte, com uma só entrada que, ao mesmo tempo, também é a única saída.
O João-de-Barro é uma ave muito discreta e, também, não é tão bela. Agora confesso: no mundo dos pedreiros, é um dos mais sábios e inteligentes: 
Já o seu canto, visto - ou melhor ouvido - de longe, lembra o da Casaca-de-Couro.
Meu primo Garibaldi ficou muito feliz com a nossa descoberta, o ninho de João-de-Barro.
Sim! E a pescaria que falei no início?
Perdeu todo o seu brilho depois da grande descoberta do ninho do João-de -Barro!
Acredito que essa notícia, amanhã deveria estampar as páginas de todos os jornais.
Se é que vocês me entendem!!!

terça-feira, 22 de abril de 2025

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS. #254

QUE SAUDADE
Baladeira no pescoço, os pés no chão e muito tempo para ouvir os passarinhos. Fui menino Livre! 
Enquanto as páginas de todos os jornais e revistas publicavam o suicídio de Getúlio Vargas, eu corria atrás das borboletas.
O mundo era mundo. Hoje, o mundo parece mais uma sala de cirurgia... ou um grande convento, de filosofias pressas aos papéis.
Antigamente, se entrava no barreiro enfiando os pés na lama... bebia-se a água.
Não existia medo... todos os meninos corriam no clarão da lua... que bicho ligeiro era o bacurau e a mãe da noite.
A novela era um privilégio para os nobres... na luz do candeeiro, desenhava palácios... e os besouros eram imperadores e reis.
Na sexta-feira, rosário de coco e bolinho de goma. As bolinhas de gude e os adesivos do meu Santa Cruz ficavam para outro dia.
Já em casa, no sítio Gavião... tomar banho no rio da Chata, comer peixe assado na brasa... e na escola, contar que tinha um tubarão-martelo preso no anzol.
De manhã, antes do sol brilhar nas telhas, correr para o curral, e ouvir minha mãe querida dizer: "Isso é hora menino?"
E tudo isso está vivo em mim.
Se é que vocês me entendem!!!

terça-feira, 15 de abril de 2025

CRÔNICA DE MARIO SANTOS. "253"

VERÃO
Os passarinhos, toma banho nas águas, das poças da estrada. 
Verão das noites de luz, onde líamos o "Pavão Misterioso" nas Literaturas de Cordel.
Os meninos, cortavam a madeira do pé de Burra Leiteira para fazer visgos de pegar passarinhos.
Água fria do pote, acendia um cigarro, olhava o sol quente, tudo quieto.
Às vacas descansavam na sombra do juazeiro, no terreiro o cachorro fugia do calor.
Sem chuva e sem lama, dia bom para pescaria, bom para tirar mel das abelhas.
Meu avô, todo verão fazia doce de facheiro com rapadura, "doce apurado" dizia ele.
Verão, dos longos e tristes.
Verão, das histórias de trancoso, que minha vó contava, e eu jurava que era verdade.
Quisera eu, ter outros verões, nem que fosse nas histórias de trancoso.
Se é que vocês me entendem!!! 


domingo, 13 de abril de 2025

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS. # 252

NO SEU ESTILO
Flores nas calçadas, 3 padarias e mais da metade dos gatos do mundo, que agora escrevem roteiros de filmes de bang-bang, e vez por outra, desfilam nas páginas dos gibis.
Amigos: O bairro do Mutirão, agora, têm status de um Martín Luter King. 
A nossa posologia ou modo de usar, é algo de utilidade pública. Se um dia, Ibirajuba quiser reescrever sua liturgia da metafísica, o bairro do Mutirão, será uma poesia eclesiástica.
Se é que vocês me entendem!!!

quarta-feira, 9 de abril de 2025

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS. #251

TRAUMAS
Sítio Gavião, onde vi pela primeira vez um homem morto... Foi numa noite sem fim.
Todos os bichos do mato eram fantasmas.
Vi minha querida mãe ficar muito doente... e a tristeza escravizou minha alegria de menino.
Meu pai me falou que aquilo não era nada, mas ele chorou.
Caderno, lápis e borracha... a escola ficava muito longe, mais não importava... as borboletas me faziam companhia.
Se é que vocês me entendem!!!

quarta-feira, 26 de março de 2025

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS

MINHA VIDA DE CRIANÇA.
Meu sítio Gavião, onde passei minha infância. Ainda muito pequeno, conhecia o canto dos passarinhos. O canto do galo-de-campina, o canto do casaca-de-couro, o canto da acauã, essa quando cantava, fazíamos o pelo sinal, com medo da morte.
João Lã de Ovelha, era o pedidor de esmolas, só pedia farinha.
O cego Artur e o seu guia Otávio, que também eram vendedores de remédios e perfumes.
Luís Zumba, que fumava e eu tinha raiva de ser criança, e não poder fumar.
Às pescarias, no rio da Chata e no Rio Zabelê, os peixes eram poucos, e a fome era muita.
Sítio Gavião, onde vi meus pais derramarem o suor no cabo da enxada.
Às minha arapucas, pra pegar nambu, sabiá cancão e punaré.
Jogar golinhas de gude, caçar de peteca, corre em cavalo de paU.
Sítio Gavião, onde fui criança, e acho que depois de minha morte, ficarei lá, sendo criança para sempre.
Se é que vocês me entendem!!!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS.

NA RUA 26 DE MARÇO...
A casa ainda não tem número. Mas os gatos já sabem o endereço de cor. 
O carro do ovo; o carro do algodão doce; o carro da pamonha passam o dia inteiro, desfilando em frente de nossa casa. 
Seu Anastácio, homem velho e magro, senta-se na calçada, acende um cigarro e cochila.
À noite, os meninos correm na rua, brincam de esconde-esconde... fazem barulho um barulho de saudade.
Os rapazes e as mocinhas, esquecem as vogais e as consoantes; o ditado de palavras é minúsculo, ou quase inexistente.
Rua 26 de Março, onde as luzes dos postes são pontos de encontro de dos sapos cantores, dos besouros astronautas e dos vagalumes revolucionários.
Rua 26 de Março, onde os ratos escrevem cartas românticas e publicam nas constelas do cachorro vira-latas.
Nessa rua temos: padaria, farmácia, posto de saúde, supermercado e 2 ou 3 escritores anônimos.
O leiteiro logo cedinho, cruza a rua 26 de Março e vai até a padaria levar o leite.
Se tivéssemos uma biblioteca, e se as nossas casas fossem todas feitas de leitores, o golo de campina de seu Roberto cantaria em português. Deus nos deu alegria de, no final da tarde, poder tomar um café na rua 26 de março, olhando para o azul do céu do Sítio Gavião.
Se é que vocês me entendem!!!


quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS.


CONTROVÉRSIAS

Olho por olho, dente por dente. E o glaucoma? E as cáries? E os dentes postiços?
Cabeças expostas ao vento... pensamentos presos em camisas de força... afastam-me das pernas de Marilyn Monroe.
Fotografias em preto e branco... histórias do nada.
Anjos nas portas das igrejas, demônios nos púlpitos.
A multiplicação dos pães no deu fome; o amor, sede.
Terra à vista! Homens e mulheres... nesta torre de Babel, a hipocrisia é santa.
Sonhos de papel.
A democracia cruel esconde o rosto na sobra do absurdo.
E cântico dos livros virá... talvez, amanhã.
Quem sabe?
Se é que vocês me entendem!!!

sábado, 13 de julho de 2024

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS


RUA 26 DE MARÇO

A casa, ainda não têm número, mas os gatos, já sabem o endereço de cór.
O carro do ovo, o carro do algodão doce, o carro da pamonha, passam o dia inteiro, desfilando em frente de minha casa.
Seu Anastácio homem velho e magro, sentado na calçada acende um cigarro e cochila.
A noite os meninos correm na rua, brincam de esconde-esconde, fazem um barulho de saudade.
Os rapazes e às mocinhas, esquecem às vogais e às consoantes, o ditado de palavras, são minúsculos, ou quase inexistentes.
Rua 26 de Março, onde às luzes dos postes são pontos de encontro dos sapos cantores, dos besouros astronautas e dos vagalumes revolucionários.
Rua 26 de Março, onde os ratos escrevem cartas românticas e publicam nas costelas do cachorro vira-lata.
Na rua 26 de Março, temos, padaria, farmácia, posto de saúde, supermercado e 2 ou 3 escritórios anônimos.
O leiteiro, logo cedinho cruza a rua 26 de Março, e vai até a padaria levar o leite.
Se tivéssemos uma biblioteca, e se às nossas casas fossem, todas feitas de leitores, o galo de campina do Senhor Roberto, cantaria em Português.
Deus nos deu a alegria de no final da tarde poder tomar café, na rua 26 de Março, olhando para o azul do céu no SÍTIO GAVIÃO.
Se é que vocês me entende!!! 






sexta-feira, 12 de julho de 2024

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS.

CONTROVÉRSIAS

Olho por olho, dente por dente. 
E o glaucoma?; e as cáries?; e os postiços?.
Cabeças expostas ao vento, os pensamentos presos em camisas-de-força me afastam das pernas de Marilyn Monroe.
Fotografias em preto e branco, história do nada.
Anjos nas portas das igrejas, os demônios, nos púlpitos.
A multiplicação dos pães, nos deu fome, o amor, nos deu sede.
Terra a vista! homens e mulheres, nessa torres de babel, a hipocrisia é santa.
Sonhos de papel.
A democracia cruel, esconde o rosto, na sombra do absurdo. 
E o cântico dos livros, virá, no amanhã talvez.
Se é que vocês me entendem!!! 


 

sábado, 6 de julho de 2024

CRÔNICA DE MARIO SANTOS.


NA FEIRA

Ontem na feira livre um amigo me abraçava, outro dava-me a mão. Às conversas eram longas. Pastel Caldo-de-cana; bolinhos-de-goma, comer quebra-queixo na barraquinha e tomar água fresquinha no pote que ficava em cima do banco.
A mulher das verduras fazia promoção de alhos e cebolas; o mendigo tinha no rosto um olhar de esperança; as crianças faziam festa no algodão doce.
Em cada bando da feira livre, haviam pessoas sando risadas, compadres e comadres falando de roçado, da chuva dos afilhados.
Feira livre de Ibirajuba, lugar de encontros, onde os poetas e os trabalhadores, contavam a nossa história em forma de Saudade.
Se é que vocês me entendem!!!


quinta-feira, 4 de julho de 2024

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS.

FILOSOFIAS

Não dou conselhos a ninguém. 
Não quero saber de festas, doces, queijos e refrigerantes odeio-os. 
Não vejo nos filhos de hoje, respeito e educação... eles, já não usam pedir a bênção aos pais.
Em meu tempo, um pai e uma mãe, eram reis, imperadores; Hoje são escravo dos remédios, dos óculos e da gastrite.
Hoje minha alma morre de saudades do meu pai; o seu quarto, ainda têm o seu cheiro, cada foto sua tem o raio-x dos dias, dos meses e dos anos que passamos juntos.
O cemitério tornou-se para mim, a casa onde meus pais nunca estiveram lá.
Lê um livro, catalogar passarinhos, isso é para os sábios, para aqueles que podem numa sexta-feira a noite, quase dormindo, olhar para às estrelas e dizer: "Ó Deus, dai muitos anos de via a pai e mãe." 
Agora olho para o relógio e sinto que o adeus, é a única palavras que nunca saberei soletrar.
Se é que vocês me entendem!!!


quarta-feira, 6 de março de 2024

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS.

CONTRA REGRAS
Quem irá acreditar em meus escritos?
Talvez, o vira-lata que me olha quando passo; ou aquela debutante dos pés de racha, que insiste em querer ser a mulher gato.
E como se a morte não existisse, escrevo e escrevo.
Sempre fazendo um total descaso do veredicto final.
Em um país, que se valoriza mais um canil, do que uma biblioteca, pergunta-se: quem se salvará?
Nessa vida acretinada, só os livros, nos livram dos homens canalhas.
"Se é que vocês me entendem." 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

CRÔNICAS DE MÁRIO SANTOS.

ONTEM FOI ASSIM
Enquanto a cidade dormia, eu dançava um tango com a morte.
No lençol escuro que cobria às ruas, o Drácula semeava suas pérolas.
Confesso, minha sorte, foram os gatos-pingados que não dorme.
A liturgia da ciência, deu-me uma sopa de paralelepípedos; e a justiça seja feita, sopa de paralelepípedos mesmo.
Mas ainda vivo, cantei louvores.
Se é que vocês me entendem!!!


sábado, 30 de dezembro de 2023

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS.


AO MEU PAI

Todas as manhãs, queria puder voltar ao sítio Gavião, e crê que meu pai, antes da meia noite abriria a janela do corredor de nossa casa, e nos falava dos relâmpagos.
Meu pai nunca foi um homem do mar, ele conversava com os passarinhos e com às águas do rio Chata. Era um homem puro, tão simples, que às borboletas no fim das tardes faziam poemas em seu caminho.
A filosofia do velho Chico de Zumira, nos deu um sítio Gavião de saudades, e o choro de um menino que corria com o realejo Pátria Formosa, certo que a morte nunca existiria.
Meu pai, amanhã de manhã, no primeiro canto do galo de campina, seremos eternos, assim como tu já és!
Se é que vocês me entendem. 


sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS


 IBIRAJUBA DE CORPO E ALMA

Minha querida Ibirajuba, cidade do açude, que no meu tempo de menino foi  meu mar.
Frondosa Gameleira, onde toda sexta-feira, o rosário de coco catolé respondia minha oração.
A Escola Manoel Moreira da Costa, um dia me disse, que os meus sapatos Conga, fariam o meu caminho do Sítio Gavião até a nossa Ibirajuba de agora. 
A mesma estrada, a eterna saudade, o Rio Chata, o lápis e o caderno, Ibirajuba, afortunados são teus filhos.
60 anos de emancipação de minha cidade, quisera eu contar os pintassilgos nos muçambê que ficavam ao lado da igreja matriz.
Quisera engraxar os sapatos marrons do meu pai e ver seu Demar dar gargalhadas com às histórias de Pedro de Zé Chico.
Na procissão de Santo Isidro, a nossa fé nos deu um futuro pujante. 
E amanhã, ou depois de amanhã, eternamente, seremos Ibirajuba de Corpo e alma.
Se é que vocês me entendem.


sexta-feira, 24 de novembro de 2023

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS

AUSÊNCIA
Que vontade de voltar ao velho sítio Gavião, acordar cedo, esperar minha mãe varrer o terreiro para botar o café. Depois ir pescar no Rio, assar o peixe na beira d'água, e sem nenhuma inquietação na alma, tomar banho na água calma e fria. Ver meu pai, pendurar em uma vara de pau, alguns peixes ainda vivos, com os pés descalços voltar para casa.
Ás pessoas da cidade, não tinham boas notícias nos jornais, o preço do pão, a morte do guarda noturno, foi infarto, não, foi a tiros... No sítio Gavião não havia notícias, nem grilos em postes, e isso era tão bom.
A Escola Manoel Moreira da Costa é sonho, mas antes pegamos tuins e curió. O radinho de pilhas, anuncia o desaparecimento de um cachorro. Meus Deus! Com tantos pirulitos e algodão doce, falar do desaparecimento de um cachorro, dá vontade de rir.  
O redemoinho entra pela a porta, o fogão de lenha quase se apaga, o bêbado se assombra.
Que sol de solidão, que lua tão grande no sítio Gavião, às noites são dos vagalumes...
E minha mãe, nos dava à benção, e a vida não precisava lutar contra a morte.
Se é que vocês me entendem.


segunda-feira, 2 de outubro de 2023

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS

NA BOCA DO GATO

Pois bem.
Hoje de manhã, um maldito gato matou o Rouxinol que sempre cantava antes dos primeiros raios de sol.
Eu disse cantava. Mas o assunto aqui é outro.
Imagine vocês, a seguinte cena (e digo de passagem, uma cena patética): o povo sendo representado por menos de meia dúzia de semianalfabetos, que não discursam, relincha. Uns gatos malvados, que agem se nenhuma piedade, e se intitulam, serem cristãos. 
Maldito seja a missa, ou o culto que declaram esses hipócritas irmãos.
Cada um de nós, se ainda não fomos iguais ao inocente Rouxinol, que fiquemos em alerta, o diabo existe, e é um democrata, ou seja é para todos, se é que estou sendo claro. 
Trocando em miúdos, temos a quem pedir socorro? 
Que faremos diante dessa verdadeira torre se Babel?
Digo-vos; se o agora funesto rouxinol, pudesse falar diria: Demos com os burros n'água, ou melhor, estamos na boca do gato.
Se é que vocês me entendem.




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