quinta-feira, 27 de outubro de 2022

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS

A crônica do meu sentimento

NA MEMORIA
Menino Papa-angu nas calçadas do Cruzeiro, da Tenente Xavier de Araújo, da Bartolomeu Vieira de Melo.
Fui bandido, fui herói, fui tuim verde e azul.
No campinho que ficava ao lado do cemitério, meus pés no chão deram muitos passos, até chegarem há meio século de solidão e saudade.
O banho no poço, depois o refresco gelado, lá em dona Maria de Zé Izidoro, e seis quilômetros até o sitio Gavião.
Tudo isso para nós, era algodão-doce e dois cachos de pitomba.
E a semana inteira, com um caderno, uma borracha e um lápis, dentro de uma embalagem plástica de arroz, sentia-me um bem aventurado no banquinho da escola.
Nas noites sem lua, o lobisomem tocava flauta em meu ouvido, enquanto isso, eu rezava para o candeeiro de gás não se apagar.
Saudade de tudo, do gato, do cachorro, do primeiro enterro que presenciei, do sapo cantando na beira da estrada.
E na sexta-feira? Um rosário de coco, comprado em Zé de Severinho, bolinho de goma, cocada e quebra queixo da torda de Pé de Pato; e tudo terminava em meio quilo de etc., etc., e um buquê de folhas da Gameleira, na feira de nossa Ibirajuba.
Há orquídeas de uma doce saudade.
Das vogais e consoantes, até chegar no Manoel Moreira da Costa, a minha vida foi um folclore, dos cantadores do rei, mandador por São José
E meu cérebro, levará tudo isso para o além da vida.
Se é que vocês me entende. 


 

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